Sunday, June 29, 2008

"Considerando-a cativa achou-se nela perdendo-se."

Inspiro com convicção redobrada, dispo a pouca roupa que tinha e deito-me. O meu corpo funde-se e transforma-se em alimento cíclico. Com os olhos fechados estimulo a fêmea vasta que tenho à distância de um milímetro de pele e faço amor com ela até o meu sémen queimá-la por dentro. A fêmea abraça-me e envolve-me dentro dela. Sei que nunca iria possuí-la porque o apelo foi sempre dela. Apercebo-me agora que fui manipulado e mesmo assim sei que todos os pormenores da vida reconduziram-me àquele. Se isto termina eu morro. Digo. Podes ficar aqui para sempre. Ela responde-me. Não posso. Sim podes, só por quereres. Eu quero mas não posso. Porquê? Não sei. Sabes. Sim sei. Então porquê. Porque vivi e vivo para este momento mas não o sabia. E agora já sabes e queres ir-te embora. Sim. É a tua decisão. Eu sei. Com a convicção ainda toldada pelo prazer levanto-me e começo a correr para outro local que me desconhece. Quando chegar ao meu destino sei que onde estive já será indiferente à minha memória. Uma serpente incomodada com o meu movimento inconstante morde-me. Não me importo. É assim que me apercebo de que ainda sobrevivo.

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