Local Cinzento

Wednesday, June 26, 2013

dreaming in white coulor becomes red in real life?

dressed by darkness i dreamt in white with all colours mixed together. willing for issuing red through my deluded windows of perception. binding doors between life and other places that i only can seek by dreaming more and more whiteness.

Tuesday, March 19, 2013

"Meu Deus, me dê a coragem de viver trezentos e sessenta e cinco dias e noites, todos vazios de Tua presença. Me dê a coragem de considerar esse vazio como uma plenitude. Faça com que eu seja a Tua amante humilde, entrelaçada a Ti em êxtase. Faça com que eu possa falar com este vazio tremendo e receber como resposta o amor materno que nutre e embala. Faça com que eu tenha a coragem de Te amar, sem odiar as Tuas ofensas à minha alma e ao meu corpo. Faça com que a solidão não me destrua. Faça com que minha solidão me sirva de companhia. Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar. Faça com que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo. Receba em teus braços meu pecado de pensar. (…)"

Clarice Lispector


Sunday, January 13, 2013

sete mulheres paridas pelo mesmo filho neste mundo.
por onde andam agora?

Monday, September 10, 2012



MILES
“Half my life is over, and I have nothing to show for it. I'm a
thumbprint on the window of a skyscraper. I'm a smudge of excrement
on a tissue surging out to sea with a million tons of raw sewage.”

JACK
“See? Right there. Just what you just said. That's beautiful. A thumbprint on a skyscraper. I couldn't write that.”

MILES
“Neither could I. I think it's Bukowski.”

Sideways, 2004


Thursday, August 30, 2012

Faço um bolo novo velho. Cada ingrediente acumulado à massa informe é uma repetição dos gestos da minha mãe que eu observava atentamente enquanto produzia o meu alimento. Sentindo tanta admiração por ela que não a queria largar da minha vista, gravando todos os gestos que ela tornava sistemáticos para mim. Para que eu pudesse armazenar junto de outras utilidades para o futuro porvir. "Bate-se o bolo com amor, até fazer bolhinhas de ar. Senão não cresce.", dizia-me a minha mãe. E eu, com quatro anos de idade, ainda não compreendia na sua completude o que era o amor, porque o amor era naquela altura uma presença assídua e reconfortante. Na memória dos sentimentos guardava só mesmo a dor física súbita e momentânea das minhas mãos enroladas em tecido branco corrido. Marcadas por tê-las metido dentro do forno a escaldar, num espaço temporal em que a minha mãe retribuía amor à massa do bolo. Depois foram as marcas das minhas mãos que foram desaparecendo com o amor disciplinado da minha mãe. O mesmo que fazia um bolo crescer dentro do forno.

Tuesday, August 28, 2012

Forma-se cadência de ânimo firme perante o que se pensava ser arbítrio e afinal recusa-se a sê-lo. Não lhe pertencendo carácter de propagação da realidade no cosmos obstruído, corrompido e vergado pela História. Mesmo por Aquela em que as autodeterminações ainda não eram presentes e um Espírito gozava de morada certa na grande escuridão. Mas já depois de ter inventado tudo, por receio aos pecados da carne que motivam o ânimo continuado das vontades, que mesmo assim fez urdir mais tarde juntamente com a culpa. É assim que fazemos com que a cadência das vontades se perpétue e se sacie de uma realidade quebrantada, já com vício na sua concepção. E se estamos todos aqui é porque essa realidade venceu-nos e achámo-nos circunscritos ao mesmo ar e às mesmas minuciosidades que deveriam distinguir-nos entre nós. Em que o brado da aflição ficou contido em forma de puzzle para nos totalizar num rumorejo todo igual.

Saturday, March 17, 2012

e um dia faço mesmo um retrato da dúvida para denunciá-la a toda a gente, assim que a materialize.

Havendo duas vontades contrapostas que seriam uma irrepreensível e a outra questionável, o que acabou por interessar verdadeiramente é que, acontecendo com toda a certeza disparate complementado por uma ideia bem fundamentada, revelou-se a hesitação em aplicar bom senso e discernimento para saber qual seria qual e em que afiguração deveria surgir uma perante a outra.
Foi na senda desse problema que se tentou promover discussões instruídas, delineação de critérios criteriosos e até meditação metafísica. Pois que nada disto iria concretizar o que quer que fosse, mantendo-se tudo no campo da abstracção.
Até que se rejeitou o Ego para deixar de ser na primeira pessoa, sendo que essas vontades contrapostas passaram a achar-se na posse do interesse do colectivo. Pretendia-se, assim, dizer adeus ao denominado assédio d’Alma. Adeus àquelas vontades, uma irrepreensível e a outra questionável, sem saber qual seria qual. E o adeus às irresoluções do passado.
Venho agora confessar que isto não durou muito tempo. Uns segundos da vida até.
A razão foi que acabei por ter tanto gozo no esforço de consumar a dúvida que não poderia deixá-la assim em mãos alheias.