Sunday, July 27, 2008

Seria talvez um soalho

Rangia
Rangia sonolento
E como desesperava obtuso
Sob o abater abafado das solas dos pés calçados
Pesados
Nos Tamancos rudimentares
Ninguém teria conhecimentos comprovados
Do Seu sofrimento
Nem das suas elucubruções
Era Castanho
Só queriam saber disso
E o Soalho lá existia
Tinha a sua função
Todos sabiam
Menos ele
Que não queria nunca mais ser pisado
Nem ao de leve
Nem ao de forte
Só não sabia que servia de passagem
Também nunca saberia para onde

Sou chão pisado chão que sempre aqui estive juntaram peça por peça e fizeram-me um só o chão que me permiti sempre pisar e não posso revoltar-me mostrar qualquer emoção a não ser que me desmantele peça por peça e aí sim sentirão o que não sinto...

A luz

Tomo o coração
Por parâmetros de impaciência
Que do Amor sou incapaz
Do total
Que não expôs
A luz
Porém
Não o verei nunca perdido
Se continuar a amanhecer
Sobre o Céu desfeito em estrelas
Por canetas de arame
Não farpado
Mas em forma de pé e de mão
De olho
De cabelo arrancado
Este por forças da alma
Do corpo que se remexeu nos escombros
Daquela noite já perdida
Ela no teu toque
Porque amanhã haverão outros
E outras
Que se renderão
Ao encanto do teu Paraíso ofertado

E o que se faz?

Pessoas que se perdem e que respiram
Pessoas que se aborrecem e dão demasiada importância
Não se sabe bem ao quê
Pessoas que o são e que abandonaram formas de estar
Porque já não existia razão para o ser
Pessoas que foram e que vêem
Por muito triste que o seja
Pessoas pessoas
E pessoas animais
Mesmo assim difícil de estabelecer qualquer diferença
Pessoas que olham para cima
Para os lados
E para baixo
As mais tristes
Pessoas que observam por cima do ombro
Para controlarem quem vem aí
Pessoas que abraçam as pessoas
Qualquer uma
Pessoas que fogem
E não sabem porquê
Pessoas crentes
Pessoas que o deixam de ser
Pessoas que nunca o foram
Pessoas numa só
Uma só com várias assim
Pessoas com destinos por cumprir
Tantas tantas as pessoas
Tantas são
Difíceis de conter
Pessoas aqui
Acolá
Ali
E que quando chego lá já estão aqui comigo
E outras aqui acolá ali e novamente aqui
Pessoas que me dizem olá
E adeus
E outras que entram na vida sem dizer qualquer palavra
Pessoas sorridentes
Pessoas chorosas
Por hábitos incontornáveis
ou incontroláveis
Pessoas assim
Há que aceitá-las
Há que mudá-las
Há que ser como elas
Há que fugir a padrões
E há que segui-los
Quando mais nos convém
Sei lá
Tanta coisa se vê nas pessoas
Palavras
Silêncios
Atitudes
Múltiplas
O que se faz?