Monday, December 28, 2009

Os mitos morreram-me e fui eu que os degolei com as minhas próprias mãos.

Entrementes até ao fim de tudo reprimi a orla dos devires resguardados da involução dos meus parceiros. Dos meus aliados que deixei ali soterrados depois de uma batalha particularmente cruel e violenta. E dos meus egos que se contrastaram com outras crenças banidas do que sou.

Aquando do fim, abstive-me de jogos romanescos e alforriei as minhas iras, consumindo-as em nudez genuína. Por sua vez, o luto despontou por antecipação ao padecimento da dor que não cheguei a sentir. Foi uma ilusão esférica, engrenada em reflexões cadenciadas pela densidade da realidade suburbana, que se foi impingindo em busca de uma resolução luminosa.

Dos meus refúgios verteram-se fraudes que serviram intentos prestáveis. Mas que, pela fresta de uma certeza, logo se sumiram como demónios subitamente atraídos por uma vara de porcos que se precipitou no rio fluente de um lago superficialmente dotado de quietude. Por isso é que Já não os tenho aqui comigo.

As minhas mãos, do esforço da repressão, fundiram-se na barriga do meu corpo muito próximas do umbigo. Transformaram-se então os meus dois braços em asas de uma chávena de café por encher. À espera de ser aquecida pelo hálito de uma existência.