Tudo começou com um erro.
O início improvável de todos é sempre a estatística. Uma probabilidade de 1 em milhões contidos em centímetros cúbicos.
Mais do que probabilidade inerente à própria vida, foi um erro inconsciente. Um acto de inconsciência instintiva de acasalamento.
Todos os anos ele festejava esse erro com uma epifania enquanto acto consciente repetido exaustivamente até que a incerteza se omitisse. Logo a seguir à massagem rotineira na zona central pélvica. Ritual de que não poderia abdicar por lhe proporcionar o único prazer controlável e acessível à sua vontade.
E a meditação anual não poderia ser desperdiçada com pensamentos vulgares iguais aos dos outros dias. Era por isso que primeiro acalmava o corpo antes de usar a mente. Desenferrujá-la contra a regra anestésica vigente.
O amor não era expressão pertencente áqueles lábios gretados. Unidos em simbiose cínica e expressos silenciosamente em desejo de morte em vida.
Por isso, o único desejo a que ele se permitia aceder expressava-se num único pensamento livre por ano, apenas limitado pelo acesso que ele tinha às experiências. Era livre até certo ponto. O ponto do que seria directamente observável.
O pensamento:
"Abro a mão que acolhe inusitada o visco reprodutor da natureza.
Um passo verdadeiro que se comprometeu em lástima imperceptível.
Que trepou paredes desinfestadas de probabilidade,
Sem cumprir objectivo.
Um erro que evita outro erro."
Saturday, October 18, 2008
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