Saturday, May 08, 2010

O Fado da Foz

Amor
Se quiseres iremos à Foz
Dar um beijo
E um longo abraço apertado
Entre nós os dois

Amor
Se não formos à Foz
A solidão não se esquecerá de afogar os nossos quereres
As nossas vontades mais urgentes
No rio que lá desagua

Amor
Não te peço para irmos à Foz
Pois a noite desfaz-me no caminho
Se for ao desengano sozinha sem ti
E se não puder dar-te um beijo e um longo abraço apertado

Fado do Silêncio

A percepção engastada num vértice reaccionário
Não debilitou o corpo que avança
Contra a desventura emancipada
Contra a maré contrafeita

São entoações silenciadas
Que perseguimos
Que ressoam cá por dentro

As mãos que degelaram com a comoção
Escoaram em pensamentos que decifram
A harmonia da terra seduzida
Por movimentos fortuitos nossos

São entoações silenciadas
Que perseguimos
Que ressoam cá por dentro

E se uma rotina de despedida
Vulgariza-se no homem
Vence o entendimento que nada vale
O arrepender do afastar-me de ti

São entoações silenciadas
Que perseguimos
Que ressoam cá por dentro