Sunday, July 11, 2010

Dando-se por achada, a mulher acoitou-se num casulo edificado pela conformação que lhe usurpou os sentidos. Os movimentos dos braços de trás para a frente sustentaram a precariedade de um equilíbrio que havia sido a ausência de voz e de espaço neste mundo. Lugar onde ela pressentiu nunca vir a pertencer como evidência derradeira de que cada parte sua, ou aparentemente sua, achar-se-ía no domínio de um Sonho.
Achando-se confinada, os feitos da mulher consumaram-se na ausência de registos escritos e narrados. Porém, o alcance da verdade não seria passível de materialização por repetição mnenómica do evento pretérito. Qualquer que fosse. Nem seria recuperada pelo regresso do Sonho, produzido ad eternum por uma vontade debelada em alento amparado.

Friday, July 09, 2010

Ausentam as palavras da memória, mas não os gestos. Esses já se repetem no quotidiano, esquecidos no reportório do dialecto da nossa presença face-a-face. Nem precisamos de irmos para além disto. Basta-nos o sintético, o analítico e o contrário da semântica. Palavras para quê, se se movem apenas para preencher necessidades que já se encontram saciadas. Necessidades do ego que se imiscuem no ouvido e que se exteriorizam através das palavras. E excesso de palavras gera ainda mais excesso. Foi por isso que a memória fez uma triagem das memórias e fez ausentar as palavras.