Wednesday, April 01, 2009

Réplicas

Existiram noites prolíferas de diamantes esmagados por milhõezinhos de réplicas diminuidas em pedrinhas esgotadas por vaidades nervosas e sintetizadas no plano atmosférico.

Se a inabilidade do acaso poderia ter mantido tudo uno, também serviria tal propósito a impermeabilidade dos sentidos. Do reagir ao sentir, apenas o desvanecimento continuaria a concretizar o escopo do Infinito.

E se as flores são belas (!), pois que nos parecem sempre iguais a si mesmas. Assim como as jovens – aquelas que só vimos num relance apressado - parecem ser jovens eternamente e as velhas – também as que conhecemos numa só oportunidade– serão sempre velhas sem nunca terem sido jovens. E apenas eu é que envelheço por estágios. Só eu é que nasci na minha memória porque não vi ninguém nascer. A não ser eu.

Porque sou jovem agora, reconheço que poderei a vir a ser velha depois.

É a estranheza de tal conclusão que me antagoniza contra os velhos sempre velhos e os jovens eternamente jovens. Que sabem ser sempre iguais a si mesmos. A todos sem excepção.

E porque é que quando se relatam pequenas histórias de meninas ingénuas e fugídias, estas meninas sucumbem para sempre perdidas num beco escuro da cidade.

Serão essas meninas que nunca trajaram saias rodadas com flores vermelhas e amarelas. Nem sequer sapatos de cetim. Que nunca pousaram um chupa-chupa caramelizado nos seus dentes luzídios e perfeitamente alinhados. Que nunca pentearam os seus cabelos louros em tranças que cheiram a morangos, panquecas recheadas de doce de gila e a calor do final de tarde de um dia de Verão.

Também são meninas que nunca se sentiram vocacionadas para jogar às escondidas. Oferecem-se aos ladrões de réplicas de diamantes que, oportunamente, vão roubá-los aos seus olhos brilhantes que, despojados de vaidades, os ofertam indiscriminadamente.

Somente por se julgarem para sempre captivos de jovens ingénuas e fugídias num momento rebuscado das minhas memórias.

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